terça-feira, 15 de novembro de 2011

Sobre Resiliência

resiliência é um conceito psicológico emprestado da física, definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas - choque, estresse etc. - sem entrar em surto psicológico. No entanto, Job (2003), que estudou a resiliência em organizações, argumenta que a resiliência se trata de uma tomada de decisão quando alguém depara com um contexto de tomada de decisão entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer.Essas decisões, propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades

Processo - chave resiliência

SISTEMA DE CRENÇAS (o coração e a alma da resiliência)
1. Atribuir sentido à adversidade:
• Valorização das relações interpessoais (senso de pertencimento)
• Contextualização dos estressores como parte do ciclo de vida da 
família
• Sentido de coerência das crises: como desafios administráveis 
• Percepção  da  situação  de  crise:  crenças  facilitadoras  ou 
constrangedoras 
2.Olhar positivo
• Iniciativa (ação) e perseverança
• Coragem e encorajamento (foco no potencial)
• Esperança e otimismo: confiança na superação das adversidades 
• Confrontar o que é possível: aceitar o que não pode ser mudado
3.Transcendência e espiritualidade
• Valores, propostas e objetivos de vida
• Espiritualidade: fé, comunhão e rituais
• Inspiração: criatividade e visualização de novas possibilidades
• Transformação: aprender e crescer através das adversidades
PADRÕES DE ORGANIZAÇÃO
4. Flexibilidade
• Capacidade para mudanças: reformulação, reorganização e 
adaptação
• Estabilidade: sentido de continuidade e rotinas
5. Coesão
• Apoio mútuo, colaboração e compromisso
• Respeito às diferenças, necessidades e limites individuais
• Forte liderança: prover, proteger e guiar crianças e membros 
vulneráveis
• Busca de reconciliação e reunião em casos de relacionamentos 
problemáticos
6. Recursos sociais e econômicos
• Mobilização da família extensa e da rede de apoio social
• Construção de uma rede de trabalho comunitário: família 
trabalhando junto
• Construção de segurança financeira: equilíbrio entre trabalho e 
exigências familiares
PROCESSOS DE COMUNICAÇÃO
7. Clareza
• Mensagens claras e consistentes (palavras e ações)
• Esclarecimentos de informações ambíguas
8.Expressões emocionais “abertas”
• Sentimentos variados são compartilhados (felicidade e dor; 
esperança e medo)
• Empatia nas relações: tolerância das diferenças
• Responsabilidade pelos próprios sentimentos e comportamentos, 
sem busca do “culpado”
• Interações prazerosas e bem-humoradas
9. Colaboração na solução de problemas
• Identificação de problemas, estressores, opções
• “Explosão de idéias” com criatividade
• Tomada de decisões compartilhada: negociação, reciprocidade e 
justiça
• Foco nos objetivos: dar passos concretos; aprender através dos 
erros
• Postura proativa: prevenção de problemas, resolução de crises, 
preparação para futuros desafios

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

ANGÚSTIA E EXISTENCIALISMO

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O termo “Angústia” tem sua origem do latim “Angustus” que significa “estreito, apertar, afogar”. Comumente, a angústia é entendida como um estado de aflição, de sofrimento. Experimentada por todos os homens, em todas as culturas, confunde-se com o desespero. Existem vários tipos de leitura acerca da angústia. Há a leitura psicológica, que a compreende segundo as manifestações clínicas e psicopatológicas, e busca atentar para os sintomas apresentados, no intuito de encontrar uma cura para o sofrimento causado, através de métodos que controlem os sintomas, removendo totalmente a angústia. O enfoque humanista sobre a angústia é construído a partir de uma visão filosófica. Dados os fundamentos humanistas da gestalt-terapia, considera-se necessário recorrer ao campo da filosofia para fundamentar a possibilidade de trabalhar uma visão existencial do conceito de angústia. Há a leitura ontológica que considera a angústia enquanto um fenômeno que atinge todo ser enquanto perda do fundamento pessoal da existência e, conseqüentemente, do sentido de vida, visa compreender a angústia enquanto inerente ao ser e, como tal não há o que se curar porque não há como remover a angústia do ser.
O Existencialismo como especulação filosófica visa a análise minuciosa da experiência humana em todos os seus aspectos teóricos e práticos, mas acima de tudo dos aspectos irracionais da vida humana. O existencialismo é uma corrente filosófica que destaca a liberdade individual, a responsabilidade e a subjetividade do ser humano. Considera cada homem como um ser único que é mestre dos seus atos e do seu destino. O existencialismo difere da filosofia tradicional e do homem, pois não acredita que possa existir vida sem sofrimento ou a felicidade eterna. Acredita que as agruras existenciais, dentre elas a angústia, a solidão, o tédio etc., são inerentes à existência humana e, sem elas não há realizações humanas. No pensamento existencialista, portanto, a angústia deixa de ser vista como uma patologia para ser inerente à existência, à condição humana. É ela que tira o homem do quietismo e o leva à ação, o faz mudar de atitude, seu modo de pensar, de agir etc. pela reflexão e discussão acerca dos valores existenciais que ampliam a compreensão da realidade humana. A angústia não é mais, portanto, um sentimento negativo, mas uma experiência que evidencia-se quando tem-se consciência da condição humana de seres livres e únicos. A natureza essencial do homem é a razão pela qual ele adquire consciência dos seres. O que distingue os homens de outros seres é a consciência. A angústia não tem objeto, isto é, nada que existe pode desempenhar o papel daquilo que angustia a angústia. Sendo assim, a angústia de nada pode se assegurar, nem tampouco se tranqüilizar, o que resta apenas é o ser-no-mundo do modo que se é. Quando o nada se encontra com a angústia lembra o homem de sua verdadeira condição, um ser de possibilidades responsável por suas escolhas. Para Camon (1998), a angústia existencial é um sentimento elitista e filosófico, pois, refere-se à totalidade da existência humana e não à experiência pessoal diante do perigo ou aspereza da vida, como é utilizada no senso comum. É através da angústia que o homem direciona seus atos e torna possível agir em busca de novas perspectivas à própria vida.
Angerami – Camon, VA. Psicoterapia existencial. São Paulo: Editora Pioneira, 1998.

sábado, 5 de novembro de 2011



 Saber Contornar As VicissitudesQuando estamos febris, tudo quanto provamos nos parece amargo e desagradável, mas, ao vermos outrem saborear as mesmas iguarias sem fazer cara feia, não mais culpamos a comida ou a bebida: culpamo-nos a nós mesmos e ao nosso destempero. De modo similar, desistimos de incriminar as circunstâncias e de com elas nos preocupar quando vemos outrem aceitando as mesmas circunstâncias plácida e alegremente. Quando as coisas não correm na medida dos nossos desejos, muito contribuirá para o nosso contentamento pensarmos nas coisas agradáveis e encantadoras que nos pertencem; na mistura, o melhor eclipsa o pior. Quando os nossos olhos são ofuscados pela claridade excessiva, nós acalmamo-los olhando para a verde relva e para as flores; todavia, mantemos a mente absorta com o que é penoso e forçamo-la a remoer sem trégua os vexames, desviando-a violentamente de pensamentos mais reconfortantes. 
Plutarco, in "Do Contentamento"